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Transferência de imóveis do Estado para Câmara de Valdevez faz arrancar branda científica

A transferência, pelo Estado, de uma antiga casa florestal e de três antigas lojas em Arcos de Valdevez vai permitir transformar os imóveis em estruturas de apoio à branda científica de São Bento do Cando, foi hoje divulgado.

Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, João Manuel Esteves, referiu que em março vai ser lançado um concurso público, com o preço base de 230 mil euros, para a reconversão da antiga casa florestal em auditório da branda científica de São Bento de Cando, situada a mais de mil metros de altitude.

“Os projetos estavam todos prontos, agora estão reunidas todas as condições para avançar”, frisou.

João Manuel Esteves adiantou que a obra deverá arrancar “ainda no primeiro semestre deste ano”.

Na quinta-feira, em Coimbra, o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, participou na cerimónia de transferência de 22 imóveis do Estado, públicos sem utilização ou devolutos, para as autarquias, entre elas a de Arcos de Valdevez.

A branda secular de São Bento do Cando, onde outrora se cumpria a transumância (mudança sazonal dos agricultores e seus rebanhos para locais que oferecem melhores condições durante uma parte do ano), situada na freguesia da Gavieira, em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), vai passar a ser uma moderna estação científica, num investimento estimado em 4,5 milhões de euros.

Além do auditório que vai nascer na antiga casa florestal, os restantes imóveis transferidos pelo Estado para a autarquia vão ser transformados em estruturas de apoio à estação científica, como por exemplo, alojamento para estudantes de doutoramento e investigadores, laboratórios, residência artística, entre outros.

Anteriormente, à Lusa, João Manuel Esteves explicou que a futura estação de investigação e formação integrará o projeto europeu Biopolis, que “tem como objetivo a criação de uma superestrutura de investigação em biologia ambiental, capaz de responder aos novos desafios que se colocam hoje em áreas de ponta como a genómica, a biologia computacional, a bioinformática ou a monitorização ambiental”.

O Biopolis é coordenado por um consórcio que junta o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, a Universidade de Montpellier, em França, e a Porto Business School.

É “um projeto que desenvolverá ações não só para o PNPG, único em Portugal, mas também para a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés, assim declarada, em 2009, pela UNESCO, contribuindo para a coesão territorial e diversificação socioeconómica”.

A Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés está localizada na Galiza e no Alto Minho, unindo do lado português, o PNPG ao Parque Natural Baixa Limia – Serra do Xurés, no lado galego.

O protocolo para a criação da branda científica foi assinado em agosto de 2022, entre a Câmara de Arcos de Valdevez a Associação Biopolis (CIBIO-inbio, Universidade do Porto), o Instituto de Geografia e Ordenamento do Território(IGOT) de Lisboa, o Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, os Institutos Politécnicos de Bragança e Viana do Castelo, Instituto Superior de Agronomia, as Universidades de Lisboa, do Minho, em Braga, de Trás-os-Montes e Alto Douro, de Santiago de Compostela e Vigo, na Galiza.